A Seguradora Líder anunciou investimento de R$ 20 milhões em uma campanha institucional sobre o Seguro DPVAT. É um valor alto que apenas ajuda a desviar dos problemas enfrentados e ainda camuflar as irregularidades que envolvem a companhia.
É claro que as vantagens do sistema e a forma como a sociedade pode ser beneficiada por ele devem ser informados e orientados. A transparência no sistema é fundamental para sua credibilidade e os proprietários de veículos que são obrigados a pagar o seguro DPVAT têm todo o direito de ser saber como e onde o dinheiro pago é usado.
O que se questiona é o momento e, também, a prioridade. Ora, ficou público – desde a Operação Tempo de Despertar, comandada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de Minas Gerais – que o sistema DPVAT é vítima de fraudes que comprometem sua imagem. Não é a veiculação de propaganda que vai mudar isso.
A Susep, o Tribunal de Contas da União, a Polícia Federal e a Promotoria Pública já apontaram com insistência irregularidades no sistema. E como se não bastasse, relatório feito pela consultoria McKinsey, que analisou modelos de seguro de acidentes de trânsito adotados em 36 países, constatou que o valor da Importância Segurada (IS) no Brasil, congelado há 11 anos, está atrás de países como Indonésia, Nigéria e Bolívia. Se o DPVAT é um seguro obrigatório porque fazer essa campanha? Por que ao invés de investir R$ 20 milhões em propaganda, a atual gestão da Seguradora Líder não faz uma amortização das cerca de 500.000 ações judiciais que tramitam contra ela?