Seguros
16/06/2024
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E agora José: Como Ficou a Indústria de Proteção Veicular no Rio Grande do Sul?

Tragédia do RS pode ser divisora de águas, quanto ao entendimento das características do seguro e as características da Proteção Patrimonial

Uma das maiores virtudes da indústria seguradora é a Provisão Técnica.

“Provisões que expressam o valor correto ou estimado das obrigações contraídas em função dos contratos de seguros e de resseguros subscritos, assim como das despesas ligadas ao cumprimento destas obrigações e dos prêmios não ganhos, que são a parcela de prêmios das apólices referentes ao período de risco ainda a decorrer. São parte do passivo da seguradora”.¹

A tragédia do RS pode ser divisora de águas, quanto ao entendimento das características do seguro e as características da Proteção Patrimonial. Por isso, precisamos saber o que elas deixarão de legado. As duas vertentes do mutualismo estão sendo observadas. Porém, é muito difícil entender uma dessas nuances do mutualismo.

Apesar da correria e dos milhares de pagamentos feitos pelas seguradoras, as provisões dessa indústria seguradora são muito altas, além das demais características que somente o seguro possui em garantias.

Infelizmente, neste momento, acho impossível saber a realidade do que aconteceu na outra indústria e torcendo para ser menor do que poderíamos supor, em apoio ao “segurado” que teve prejuízo. Aliás, fico imaginando o tamanho dos prejuízos que os demais contextos apresentarão. Enfim, sem saber o tamanho do volume, fico pensando no poema de Carlos Drummond de Andrade, a fim de não concluir o meu texto com o meu otimismo ou pessimismo em relação às perdas das pessoas no RS:

“José²

E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José?

e agora, você?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama, protesta?

e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José?

E agora, José?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio — e agora?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José!

José, para onde?”

 

Armando Luís Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros

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