Segundo Denise Perlman, presidente de seguros empresariais nacionais da Marsh McLennan Agency, uma das tendências mais proeminentes é a IA, com clientes cada vez mais perguntando sobre suas implicações.
95% das interações entre seguradoras e clientes serão intermediadas por IA até 2025
De acordo com Perlman, até 2025, cerca de 95% das interações entre seguradoras e clientes serão intermediadas por IA. Isso não significa a eliminação do papel humano no processo, mas sim a amplificação de suas capacidades. O trabalho de corretores de seguros, tradicionalmente associado à consultoria e intermediação deS apólices, se beneficiou amplamente das ferramentas digitais, que trouxeram agilidade e eficiência às suas operações diárias. Hoje, com o auxílio da tecnologia, muitas atividades estão sendo automatizadas, permitindo que o corretor se concentre em fornecer um atendimento mais personalizado e de maior valor agregado.
IA oferece aos corretores a oportunidade de se concentrarem no que realmente importa
No Brasil, onde os corretores são responsáveis por 80% das vendas de seguros, essa transformação tem tido um impacto ainda maior. A IA generativa, por exemplo, já está sendo utilizada para automatizar tarefas burocráticas como o preenchimento de formulários e a geração de cotações. Esse tipo de automação oferece aos corretores a oportunidade de se concentrarem no que realmente importa: o relacionamento com o cliente e a customização das apólices de acordo com suas necessidades individuais.
Essa customização, que antes demandava um esforço manual considerável, agora pode ser feita de maneira muito mais rápida e precisa. Com o uso da IA, é possível analisar grandes volumes de dados de maneira eficiente, permitindo que o corretor ofereça uma solução sob medida para cada perfil de risco. Isso eleva a qualidade do serviço prestado, ao mesmo tempo em que melhora a satisfação do cliente. Quando o segurado percebe que o corretor compreende suas necessidades específicas e oferece uma solução personalizada, a confiança e a fidelidade ao corretor aumentam.
IA impulsiona o crescimento de insurtechs e seguradoras
Para além dos corretores, a IA também está melhorando a atuação das insurtechs e das seguradoras tradicionais. As insurtechs, nascidas em um ambiente digital, utilizam a IA para lançar produtos adaptados a nichos de mercado com uma agilidade sem precedentes. A análise de grandes volumes de dados permite que essas empresas desenvolvam soluções personalizadas em ciclos mais curtos, respondendo com rapidez às mudanças nas demandas do consumidor. Em um setor cada vez mais competitivo, essa capacidade de adaptação é um diferencial importante.
Já as seguradoras tradicionais, muitas vezes caracterizadas por suas estruturas complexas, também estão encontrando na IA uma maneira de modernizar seus processos. A automação de tarefas como a subscrição de apólices e o processamento de sinistros, áreas que historicamente demandavam muito tempo e esforço humano, está permitindo que essas empresas mantenham sua robustez operacional enquanto ganham agilidade. A IA auxilia na análise de dados não estruturados, como relatórios médicos ou documentos legais, acelerando a tomada de decisões e melhorando a eficiência do atendimento ao cliente.
Capacidades preditivas da IA beneficiam os dois modelos de negócio
Além de tudo isso, tanto as insurtechs quanto as seguradoras tradicionais podem se beneficiar das capacidades preditivas da IA. Ao processar grandes volumes de dados, a IA é capaz de identificar padrões e antecipar riscos, uma habilidade essencial em um mundo onde crises como desastres naturais, pandemias e ataques cibernéticos se tornam cada vez mais frequentes. No contexto dos seguros, essa análise preditiva permite que as empresas adaptem suas ofertas e estejam mais preparadas para enfrentar situações adversas, garantindo a continuidade do serviço e protegendo tanto suas operações quanto seus clientes.
Preocupação da IA em seguros está relacionado com ataques cibernéticos
Não há nenhum tipo de ferramenta que seja livre de limites e/ou desafios. Com a IA não seria diferente. O grande ponto de preocupação em relação à IA está relacionado ao aumento dos ataques cibernéticos em todo o mundo e é uma questão urgente enfrentada pelo setor de seguros. O mercado global de seguros cibernéticos, que valia US$13 bilhões em 2023, deve crescer para US$22,5 bilhões até 2025, um reflexo direto do aumento da ameaça cibernética. Pequenas e grandes empresas estão igualmente vulneráveis e a demanda por apólices que cubram riscos relacionados à segurança digital está crescendo rapidamente. Nesse aspecto, a IA também é importante na oferta de novos produtos de seguro e na mitigação desses riscos, ao fornecer ferramentas avançadas de análise e proteção contra ataques.
A combinação de IA e expertise humana oferece o melhor dos dois mundos: eficiência e personalização tecnológica
Apesar de todo o avanço tecnológico, o fator humano continua a ser central na relação entre corretores e segurados. Como destacou Dennis Milan, diretor de tecnologia digital da Tokio Marine, durante o Insummit 24: “A tecnologia está aí para facilitar, mas o relacionamento é o que vai garantir a confiança e a fidelização”. Em outras palavras, a IA é uma ferramenta para aprimorar o serviço prestado, mas o sucesso do setor de seguros continuará a depender da capacidade dos corretores de construir relacionamentos sólidos e de confiança com seus clientes. A tecnologia facilita o processo, mas o corretor é quem fortalece a relação.
Assim, conforme a IA se torna cada vez mais integrada ao setor de seguros, as interações entre clientes e seguradoras serão, em sua maioria, mediadas por sistemas inteligentes. No entanto, o papel dos corretores como consultores e interlocutores continuará a ser essencial. A combinação de IA e expertise humana oferece o melhor dos dois mundos: eficiência e personalização tecnológica, aliadas ao toque humano que constrói confiança e gera lealdade.