Boa tarde a todos, Paulo Mubarack falando, há uns anos atrás, cerca de 5 ou 6 anos, assisti por vídeo uma palestra do Carlos Brito, CEO da AMBEV, endereçada para os seus funcionários. Minha filha trabalhava na AMBEV e eu consegui assistir o vídeo de Carlos Brito endereçada para todos os funcionários.
Sabe o que ele disse? Ele disse assim:
“Sabem qual é a diferença entre nós da AMBEV e os nossos concorrentes? Todos nós e eles sabemos exatamente o que é preciso fazer, mas nós vamos lá e fazemos e eles não.”
Essa é uma grande frase, uma grande reflexão do senhor Carlos Brito. Os concorrentes, tanto quanto o pessoal da AMBEV, sabem exatamente o que que fazer, todo mundo sabe o que fazer, a diferença não é essa, a diferença é ir lá e fazer. E o pessoal da AMBEV vai lá e faz, toma as decisões difíceis, demite quem tem que demitir, corta o custo que tem que cortar, faz o investimento que deve fazer e os outros ficam empurrando com a barriga ou, em um português mais clássica, procrastinando.
Vocês sabem, gente, que eu observo muitos, muitos, muito gerentes, diretores, donos de empresa e eu vejo como ter ideias dá prazer. É um exercício até de narcisismo, você se sente bem, você se sente o rei da cocada quando você tem uma ideia maravilhosa ou a sua equipe tem uma ideia. Isso dá muito prazer, é até narcisista, como eu disse.
Essas ideias são geradas numa sala confortável, com frutinhas ao redor, cafezinho, um projetor, Power Point, ou até a gente gera grandes ideias depois de duas caipirinhas e três chopps numa mesa de bar. Porém, quando se trata de executá-las, tudo fica mais dark, tudo nos conduz para a zona de desconforto. Sabe aquela grande ideia que eu tive no barzinho da São João ontem a noite? Sabe aquela grande ideia que eu tive no Leblon a dois dias atrás? Sabe aquela maravilhosa ideia que eu tive na reunião de conselho? Pois é, agora eu estou desconfortável, porque eu preciso executar essa (…). E executar é desconfortável.
Por isso tantos executivos, agora, durante essa pandemia imposta pelos imbecis dos governos estaduais e dos prefeitos, por isso tantos executivos me disseram: Mubarack, eu demiti quem eu deveria ter demitido há muito tempo. Eu cortei despesas ou até cortei investimentos que eu deveria ter cortado há muito tempo. Todos sabiam que tinham que cortar, mas procrastinaram, até que a pressão do caixa gerada pela pandemia tocou a água na bunda.
Então, você aí que está me ouvindo, eu não quem é você que está me ouvindo. Eu tenho vários amigos, eles divulgam os meus áudios, mas seja você quem for, um jovem que está começando na empresa, um estagiário, um assistente não sei do que ou um grande empresário. Tenho grandes empresários, pessoas da mais alta estirpe que ouvem os meus álbuns.
Então eu digo para todos, indistintamente: esqueça, por favor esqueça, delete da sua vida aqueles vagabundos (…) que dizem para você seguir a sua paixão.
Sabe aquele artistinha que vai na televisão, que vai no programa não sei o que e diz: “siga a sua paixão, meu jovem, você tem que se apaixonar pelo seu trabalho…”, é tudo um bando de vagabundos e de mentirosos.
O trabalho é um meio e não um fim. A sua paixão não é pelo seu trabalho, é pela sua família, pela sua religião, pelo seu patrimônio pessoal, pelos seus valores. O trabalho, seja ele qual for, é apenas um meio para você atingir as suas metas verdadeiras. Em qualquer trabalho você terá tarefas muito chatas para executar. Por isso a execução assusta tanto, por isso tanta gente procrastina tudo que deve fazer. Você precisará sempre executar tarefas muito chatas, por exemplo: estou gravando esse vídeo num hotel em Londrina, eu viajei para atender um querido cliente aqui em Londrina, e já teve gente que me perguntou, em outras entrevistas, em outras oportunidades, se eu gostava de viajar e eu disse: não interessa se eu gosto de viajar, não interessa nem para você e muito menos pra mim. Eu preciso viajar, eu preciso estar sozinho numa noite, num quarto de hotel, porque esse é o meio pelo qual eu atinja os meus objetivos pessoais.
Conclusão: seja pragmático, seja prático. Um vendedor não vende porque ele é apaixonado por vendas, porque tem orgasmos quando vende. Ele vende porque a venda é o meio para ele atingir as suas metas pessoais. Empreender não é uma paixão, empreendedorismo em série, blábláblá. Isso é tudo mimimi de um bando de babacas. Empreender é um meio, não é o fim.
Quando você aí tem um fim bem definido, quer formar uma grande família, formar um grande patrimônio pessoal, prestar contas ao seu Deus, você vai enxergar o meio de outra forma. Você vai suportar todas as tarefas chatas, todas as agruras que você vai encontrar no meio.
Principalmente eu vejo muitos jovens que são vulneráveis, se você é jovem e está me ouvindo, saiba que você é vulnerável as conversar desse bando de vagabundos que fica dizendo para você fazer o que gosta. Você precisa definir os seus objetivos pessoais ligados a sua família, a sua religião e ao seu patrimônio, e aí você vai encontrar o meio que você goste ou não e você vai aprender a gostar desse meio, porque tem coisas muito bacanas nesse meio.
Não seja um millenial iludido, não seja um velhote iludido, não seja um ser adulto iludido. Tem um monte de coisas chatas em qualquer trabalho, burocracias detestáveis, etecetera, mas você precisa pensar nos seus objetivos, nas suas metas e essas coisas chatas ficam mínimas quando você entende claramente os seus objetivos.
Você acha que alguém tem prazer em fazer exercício? Só um idiota, só um masoquista. Mas esse é um meio para você ter uma vida longa e curtir a sua família o máximo de tempo possível.
É mais ou menos isso, portanto, defina os seus meios, vá para o trabalho, não reclame, execute, vá para a zona de desconforto e você será um ser humano completo.
Paulo Mubarack gravou esse áudio no dia 8 de julho de 2020, no Hotel Bourbon, em Londrina.