As transformações tecnológicas chegam em velocidade tão grande que as mudanças comportamentais não têm acompanhado, na visão de Boris Ber, presidente do Sincor-SP. “Depois de 47 anos de carreira como corretor de seguros, é surpreendente ver a transformação digital que vivenciamos hoje. Porém, transformar o comportamento das pessoas, parece que não é tão fácil. Por exemplo, apesar de toda a tecnologia embarcada, basicamente vendemos seguro automóvel da mesma forma há 40 anos. Por que não pode ser um seguro por assinatura, em que o corretor não tenha tanta despesa operacional?”, disse, em sua apresentação no painel Lideranças do Mercado Segurador, em que se debateu o futuro da indústria durante a segunda edição da Maratona de Inovação, evento realizado pelo Jornal do Seguro (JRS), na última quinta-feira (18/08) em São Paulo.
Boris pontuou que apesar de, com a tecnologia, os produtos estarem mais facilitados para a comercialização, otimizando o dia a dia do corretor, o profissional ainda precisa empreender, investir e sempre acompanhar as tendências. “Há um excesso de preocupação com a jornada do cliente, mas acho que também carece uma maior atenção com a do corretor. Hoje temos diversas gerações conversando conosco e com as seguradoras simultaneamente e de formas diferentes. Para alguns é muito prático falar no chat, fazer vistorias a distância, mas nós temos que entender que existem pessoas que não conseguem ainda e as seguradoras precisam ter canais alternativos para atender”, ponderou. “Vejo com muito entusiasmo este futuro tecnológico, toda esta tecnologia embarcada, não devemos voltar atrás e não tem como, mas é preciso ter pontos de atenção. Temos muito ainda a evoluir e ajustar”.
O corretor de seguros pode ajudar a vencer essas barreiras. “Todas as companhias têm tecnologias voltadas para o marketing digital, ferramentas que ajudam muito o corretor a evoluir, seja em exame preditivo para o vida, seja nas peças digitais para vendas de produtos, e a maioria dos corretores não usam, nenhum corretor faz crosseling como deveria fazer. Recebemos os representantes das companhias em nossos escritórios para nos orientar, porém vamos tocando nossa rotina sem mudar”.
Boris Ber defendeu a importância de corretores entrantes no mercado. “Realmente precisamos de mais gente no mercado, ter mais corretores, quero mais concorrência, senão não vamos sair do lugar, não vamos levar a mensagem do seguro, da responsabilidade com o patrimônio. A indústria toda tem que dar as mãos, olhar para frente e incentivar, cada vez mais, a cultura do seguro. Temos que fazer junto, cobrar as companhias, o Sincor-SP tem feito isso, um exemplo são os encontros de corretores com as seguradoras, para nos aproximar e ver o que podemos fazer, definir o que é bom não apenas para mim, mas para todos, para chegarmos mais rápido nos objetivos de desenvolvimento do setor”.
Ele comentou que o destaque do setor de seguros chama atenção para novos entrantes. “Como corretor digo que tem muita gente olhando para o nosso queijo, temos então motivos mais do que suficiente para nos mexermos. O setor passa por um momento muito positivo, a própria crise sanitária incentivou a proteção e os cuidados com a vida e saúde, pessoas buscando planos de saúde melhores, a televisão mostrando as mortes todos os dias e falando do seguro de vida, que tem crescido constantemente, as empresas paradas com medo de serem roubadas, os equipamentos portáteis indo para as residências. Precisamos mais do que nunca ter uma boa e assertiva comunicação com nossos clientes, que são em comum com as seguradoras, através de tecnologia embarcada, alertando nosso papel de consultores. Não somos simplesmente vendedores, temos que alertar a vida das pessoas, garantir que aquele filho vai fazer uma faculdade com a indenização que vai receber. Temos que dar um salto no crescimento, mostrar nossos acertos, que são muitos”, disse, ressaltando que o corretor de seguros é o grande responsável pela distribuição de seguros no Brasil, todos os municípios têm um profissional fazendo a evangelização junto aos clientes, “mas ainda é pouco, temos que dar um salto”.
Por fim, Boris Ber anunciou a data do próximo Conec: será realizado de 5 a 7 de outubro de 2023. “Passado o período de isolamento, fizemos um novo acordo com o Expo Transamérica, e teremos mais um grande evento, iremos repetir os 10 mil participantes das últimas edições. Reunimos no Sincor-SP alguns profissionais de marketing de empresas do setor para ouvi-los, saber o que podemos melhorar, para dar mais valor ainda a este que é o mais importante congresso do setor”.
Com Sincor-SP