Em mais uma ação da segunda fase – a primeira foi deflagrada em abril de 2015 –, a Operação Tempo de Despertar voltou à cena com 40 policiais federais cumprindo mandados de busca e apreensão em Montes Claros (MG), na manhã de terça-feira 29 de agosto. Vinte dias antes, dia 11, agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram ordem judicial idêntica de busca e apreensão na sede da Seguradora Líder, no Rio de Janeiro, ação que acabou frustrada por um mandado de segurança de suspensão impetrado pela companhia, cuja liminar foi acatada pela Justiça mineira.
A Operação Tempo de Despertar, em abril de 2015, tirou das sombras organizadas quadrilhas de criminosos que agiam em Minas Gerais contra o DPVAT, em esquema de fraude que pode ter escala nacional.
Ao Portal de Notícias WT, o delegado da Polícia Federal Marcelo Eduardo Freitas disse que supostas fraudes continuam acontecendo hoje na região. “Essa é uma nova sequência da Operação Tempo Despertar, tendo em vista que novas denúncias foram feitas e com isso o Ministério Público (MP) e a Polícia Federal (PF) estão continuando as ações de repreensão às fraudes do seguro DPVAT”, assinalou o delegado federal.
Os policiais cumpriram seis mandados de busca e apreensão contra empresários e advogados envolvidos em operações do seguro DPVAT, não houve prisões. “As fraudes são antigas, [perpetradas] em diversos locais do País inteiro”, apontou Marcelo Eduardo Freitas ao portal WT.
Durante a operação foram apreendidos notebooks, documentos e processos relacionados ao esquema de fraude.
Modelagem da Líder dificulta tomada de ‘medidas drásticas’
A nova investida da Polícia Federal e do Ministério Público causou surpresa no mercado segurador, já que os dois órgãos têm chamado a atenção sobre os vultosos recursos desviados do seguro DPVAT através de fraudes que acontecem em todo o Brasil, como também vêm alertado há tempo a administração da Seguradora Líder, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o Ministério da Fazenda para esse grave problema.
Para o presidente da Gente Seguradora, Sergio Suslik Wais, é preciso estancar a sangria com a adoção de medidas ‘enérgicas’. “A situação requer que a Líder, a Susep e o Ministério da Fazenda tomem medidas drásticas no combate à fraude, assim como para melhorar o atendimento às vítimas do trânsito, ou seus beneficiários e suas consequências”.
Mas ele teme que esse quadro danoso ao DPVAT permaneça, “enquanto não mudar o atual sistema de representação na Líder, cujo mando se dá através de um esdrúxulo ‘Acordo de Acionistas’, com os grandes grupos auferindo ganhos através da gestão das aplicações das reservas técnicas sem sequer atender a um mínimo de segurados e beneficiários. A fraude e o atendimento desqualificado – complementou Sergio Suslik Wais – são efeitos e não à causa dessa vergonhosa situação”.