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09/12/2025
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Sinais das taxas de juros dos Estados Unidos, do Japão e do Brasil mexem com expectativas do investidor

Economista da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, explica na coluna “Fique de olho” como as decisões de bancos centrais, dados de emprego e o PIB brasileiro vão moldar o rumo dos juros nesta semana.

A semana começa com os mercados globais atentos aos sinais de política monetária. Segundo a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, dois fatores abriram espaço para mais volatilidade: a possibilidade de alta de juros no Japão e a fala do presidente Donald Trump, indicando que já escolheu seu candidato para comandar o banco central dos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve, equivalente ao Banco Central americano), a partir de maio do ano que vem.

A maior aposta do mercado é o nome de Kevin Hassett, atual diretor do Conselho de Economia da Casa Branca e aliado próximo de Trump. Apesar da proximidade política, ele não possui histórico dentro do Fed, o que cria dúvidas sobre o caráter técnico da escolha.

Nos Estados Unidos, as expectativas por corte de juros ganharam força no fim da semana passada, após a divulgação do relatório ADP (Automatic Data Processing, indicador privado de emprego). O dado mostrou “demissões líquidas” — mais desligamentos do que contratações — e elevou para mais de 90% a probabilidade de que o Fed reduza os juros na reunião desta semana.

“Esse consenso de corte fez os mercados reagirem de forma positiva”, explica Tatiana. O movimento também reforçou a expectativa de que o ciclo de afrouxamento monetário nos EUA deve começar agora.

No Brasil, o destaque da semana passada foi o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, que confirmou a desaceleração da economia. Para Tatiana, esse cenário mantém aberta a porta para o início dos cortes de juros no país. “O mercado segue cético e aposta só em março. Mas continuamos acreditando que o corte pode começar já em janeiro”, afirma.

Agora, o foco se volta para a chamada super quarta, quando acontecem simultaneamente as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Nos EUA, a expectativa é de queda da taxa básica para 13,75% ao ano.

No Brasil, o cenário é oposto: manutenção da Selic em 15%, segundo o consenso. O ponto-chave, destaca Tatiana, será o comunicado do BCB (Banco Central do Brasil) após a reunião. “O mais importante não é a manutenção em si, mas se o Banco Central abre uma fresta para o início do ciclo de cortes em janeiro”, diz.

A semana ainda reserva outro indicador relevante: o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro, que mede a inflação oficial do país. A expectativa é de alta de 0,20%, número considerado “comportado” e suficiente para manter a inflação anual em cerca de 4,5%.

Para Tatiana Pinheiro, o conjunto dos dados aponta para um início de 2026 marcado por juros globais mais baixos e maior espaço para políticas monetárias menos restritivas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

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