A ameaça de incêndios florestais massivos e profundamente destrutivos representa um problema significativo e imediato para a indústria de seguros — um problema que pode reformular o mercado de incêndios florestais e seguros para outros grandes perigos naturais. Embora as mudanças climáticas estejam causando tempestades mais poderosas, os furacões — mesmo os grandes — são frequentes o suficiente para que a indústria de seguros os compreenda e gerencie o risco de forma eficaz.
Por outro lado, os incêndios florestais só começaram a ser considerados grandes pelos padrões do setor em 2016, o que é insignificante em comparação com os séculos de experiência que temos com furacões. O tamanho em si não é realmente o problema — é o tamanho associado à surpresa. Agora, diante da perspectiva de que este incêndio sozinho possa custar mais de US$ 30 bilhões às seguradoras, é evidente que o sistema atual enfrentará dificuldades para lidar com eventos cada vez mais destrutivos como este. Os clientes precisam de proteção contra incêndios florestais, e as seguradoras precisam encontrar uma nova maneira de fornecê-la.
Seguro paramétrico como solução
Uma solução pode ser o seguro paramétrico. Essa forma de proteção de nicho ganhou relativa popularidade em regiões onde grandes perigos dificultam que as seguradoras forneçam proteção completa. O seguro paramétrico paga um valor pré-definido quando um tipo específico de evento atinge uma magnitude pré-definida — como um furacão de categoria 5 atingindo Miami. Pense no seguro paramétrico como uma maneira de preencher o “buraco no donut” que se abre quando um perigo é muito difícil para uma seguradora cobrir. É simples e altamente eficaz: as seguradoras sabem quanto vão pagar, os clientes sabem quanto vão receber, e as condições para os pagamentos são claras.
Empresas no Caribe e no Golfo do México têm usado seguro paramétrico para obter cobertura contra furacões onde suas apólices originais excluem esse tipo de risco ou oferecem apenas uma pequena proteção. É também comum para seguros contra terremotos em Istambul, Califórnia e Japão.
Agora, ele pode se tornar a ferramenta de seguro mais importante após o desastre que está se desenrolando na área de Los Angeles. Para empresas na Califórnia preocupadas com incêndios florestais — ou qualquer negócio exposto ao risco de catástrofes naturais em geral —, é assim que o seguro paramétrico pode ajudar a se reerguer rapidamente após um desastre.
Tudo mudou em 2016
As seguradoras geralmente consideravam incêndios florestais como um “perigo secundário”, o que significa que ameaçavam menos gravemente as finanças do que tempestades tropicais e terremotos. Embora perigos secundários possam certamente impactar o desempenho financeiro de uma seguradora, eles são menos propensos a erodir a base de capital de uma seguradora ou representar um problema existencial.
Como a indústria de seguros avalia o risco de incêndios florestais começou a mudar em 2016. O incêndio florestal de Fort McMurray, em Alberta, causou C$ 4 bilhões (aproximadamente US$ 3 bilhões) em perdas para a indústria de seguros, tornando-se o evento de incêndio florestal mais danoso registrado no Canadá ou nos Estados Unidos até então. No entanto, levou apenas um ano para isso mudar. Em 2017, incêndios florestais na Califórnia foram responsáveis por US$ 14,6 bilhões em perdas — muito menos do que os US$ 92 bilhões em perdas causadas pelos furacões Harvey, Irma e Maria no mesmo ano, mas muito mais do que as seguradoras estavam acostumadas. Em 2018, o devastador incêndio Camp Fire tornou-se o maior já registrado, com perdas seguradas de US$ 12,5 bilhões.
Desde 2017, incêndios florestais resultaram em um total de US$ 67 bilhões em perdas seguradas, e estimativas atuais sugerem que os incêndios de 2025 poderiam aumentar esse número em quase 50%.
Redefinindo o risco de catástrofes de incêndios florestais
O furacão Andrew mudou a forma como as seguradoras viam furacões e catástrofes naturais em geral. Os incêndios florestais em Los Angeles podem fazer o mesmo para o risco de incêndios florestais, levando à adoção de ferramentas inovadoras como seguros paramétricos, resseguros avançados e modelos analíticos robustos.
Conclusão
O futuro dos seguros para desastres naturais está em evolução. O seguro paramétrico, apesar de ser novo para muitos, pode oferecer a proteção necessária para preencher as lacunas das apólices tradicionais. Em regiões expostas a catástrofes naturais, ele pode ser a diferença entre uma recuperação rápida e perdas irreparáveis.