Ainda não tinha visto tanta solidariedade por parte das seguradoras. E o seguro é uma das maiores necessidades existentes no mundo. Forçosamente, reconheço que todos os governos falharam em longa data. Portanto, não se culpa um deles isoladamente, mas a história dos governos não condiz com a reconstrução perante a tragédia.
Porém, a ação das seguradoras não é somente com o povo gaúcho, mas com os corretores deste rincão. Muitos de nós ficamos embaixo da água. Outros tantos, sem energia e sem poder transmitir propostas. E mais, companhias ligando para os corretores perguntando seu estado e sua necessidade diante do que a questão climática fez no Rio Grande do Sul.
Falta de tudo. O Estado produtor de alimentos ficou à míngua. E os cidadãos estão revoltados. A pobreza impera entre os mais necessitados. E milhões de pessoas perderam quase tudo o que conseguiram na vida. Não é incomum animais nos telhados e ilhados.
Mas o pior não é isso, o Rio Grande do Sul afundou, mas ainda não é o pior que aconteceu, pois um grande problema será quando o restante da tragédia aparecer no fundo ou quando a água baixar. Sinceramente, ninguém vai querer ver, porque haverá muito choro e estômagos embrulhados.
O Brasil sempre foi um país despreparado. Brumadinho, morros do Rio do Janeiro, desastres da natureza em todos os cantos. Em Santa Catarina, vez ou outra os estragos aparecem. E o que falta? O escasso dinheiro para reconstrução e contingenciamento. E onde está este dinheiro público, no país campeão de arrecadação de impostos?
Acredite, é justamente neste ponto que vem a minha indignação: a corrupção ceifou a vida de muita gente. Cada centavo levado dos cofres públicos. Cada ação que desembocou em corrupção. Cada pessoa que se tornou rica em função de sua esperteza. Cada golpe dado em cada cidadão brasileiro e isso não tem a ver com o lado da política que escolheu para torcer, mas diz respeito ao caráter. O dinheiro fácil tirado dos cofres públicos deveriam estar reservados. Em todos os cantos e em todos os lugares o volume de dinheiro fez, faz e fará falta. Agora, neste instante, com um clima horrível, mas diferente das tragédias, por exemplo, do Japão, que foram muito maiores.
Vamos ser francos, aqui o Rio Grande do Sul vai levar muitos anos para se reconstruir. Porém, no território japonês, em lugares e cenas incríveis de destruição, com barcos em cima dos prédios, tsunamis destruindo tudo em volta, em menos de um mês tudo estava reconstruído.
Qual é a diferença entre estes dois países? Não sei, quero aprender, mas certamente tem tudo relacionado a prevenção e reservas para qualquer tragédia. E é isso que fica, aqui no Rio Grande do Sul, especialmente sua capital e cidades que circunvizinham ; nas cidades baixas, e em todas as localidades, o que resta é o desespero.
ARMANDO LUÍS FRANCISCO
Jornalista e Corretor de Seguros