O número de corretores de seguros trabalhando como pessoa física cresceu 31% entre janeiro de 2019 e de 2022, segundo a Federação Nacional dos Corretores de Seguros. No Estado do Rio de Janeiro, nos dois anos de pandemia, o aumento foi de 10%, segundo o diretor executivo do Sindicato das Seguradoras do Rio e Espírito Santo, Ronaldo Vilela. Para ele, os profissionais têm sido atraídos pela ampliação do mercado, com o surgimento de produtos.
A diretora de Ensino Técnico da Escola de Negócios e Seguros (ENS), Maria Helena Monteiro, destaca outra razão para o maior interesse na profissão. Com a crise econômica e maiores níveis de desemprego, as pessoas buscaram fontes de renda em que pudessem trabalhar como autônomos.
“Muita gente considerou trabalhar por conta própria. Houve a entrada de muitas mulheres porque a profissão é bastante flexível. Com as escolas e creches fechadas, como corretoras, elas podem fazer os próprios horários”, opina Maria Helena.
A tecnologia também ajudou no impulsionamento. A ENS, que tinha seu curso essencialmente presencial, passou a oferecer educação à distância, atendendo mais de 1.000 municípios no País, dando oportunidade de qualificação a quem antes não tinha acesso.
É preciso ter registro da Susep para atuar
Para trabalhar vendendo seguros não basta só ter bons conhecimentos sobre os produtos. Também é necessário possuir um registro emitido pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e existem dois caminhos para obtê-lo: uma prova que testa conhecimentos da área ou um curso de especialização.
O próximo exame, aplicado pela ENS, acontece de 27 a 30 de junho. Caso o interessado queira trabalhar apenas com Vida e Previdência, paga apenas R$ 435 de inscrição. Mas, se o objetivo for se especializar em todos os ramos, a taxa é de R$ 1.665. Já o curso, com início das aulas marcadas para 14 de março, varia de R$ 1.430 a R$ 5.924, dependendo do segmento escolhido.
“A formação completa demora sete meses, mas se só quiser trabalhar com Vida e Previdência, pode fazer apenas quatro. É necessário passar com média mínima 7 para ser habilitado e, assim que receber o registro, o aluno já pode começar a atuar”, explica Maria Helena Monteiro, diretora de Ensino Técnico da Escola.
No ano passado, a FGV também lançou um programa de formação para corretores de seguros, com 130 horas, que combina aulas ao vivo e gravadas.
Tendo crescido numa família de corretores, assim que saiu da faculdade, o administrador Bertier Cândido Neto, de 25 anos, resolveu que também seguiria a carreira. No ano passado, fez o curso on-line da ENS e, hoje, já trabalha no negócio da família, CWR Bertier Corretora e Administradora de seguros, em Recife (PE).
“Na minha infância, sempre escutei meus pais, minhas tias e meu avô conversarem sobre apólices e sinistros. Quando meu formei, meu avô perguntou se eu não queria trabalhar com eles e decidi aceitar”, lembra Neto, acrescentando: “o curso abrange muitos detalhes, é bastante puxado. Então, eu tive que estudar fora das aulas para tirar boas notas.”
Corretora tira R$ 10 mil por mês
Depoimento de Laiz Souza, corretora de seguros privados
“Eu trabalho com seguros há 11 anos, mas atuava em uma corretora. No ano passado, decidi fazer o curso da ENS e tirar o registro da Susep para abrir a minha própria empresa. Como já tinha conhecimento na área, possuo uma carteira ampla de clientes em diversos segmentos e consigo tirar em torno de R$ 10 mil por mês. Em geral, ganho uma única comissão por venda. Mas, no caso do seguro de vida, a comissão é vitalícia. Enquanto o segurado estiver pagando, eu estarei recebendo um certo percentual.
Trabalhando como autônoma, apesar de ter mais trabalho, porque eu mesma tenho que captar novas pessoas, meu ganho é maior e o meu estresse é menor. Eu faço o meu horário, tenho mais tempo para estar com a minha filha e não sofro pressão de venda dos superiores. Gosto muito do que eu faço.
Nessa área, é importante fidelizar os clientes, prestando uma boa consultoria e, em caso de eventual sinistro, dando auxílio para resolver o problema. Fazendo um bom trabalho, você vira referência e passa a ser indicada. Assim, sempre que precisarem, vão se lembrar de você.
Eu observei que, na pandemia, as pessoas passaram a dar maior importância aos seguros. Muita gente criou interesse no de vida e no residencial, principalmente por causa da assistência 24 horas, que tem benefícios como chaveiro, eletricista e outros. Quando você está mais tempo em casa, consegue observar o que está errado e precisa ser consertado. Já o seguro de automóvel, pela minha percepção, que tinha caído com o home-office, está voltando a apresentar crescimento”.