Na coluna Fique de Olho, a economista-chefe Tatiana Pinheiro, da Galapagos Capital, comenta como investidores reagiram a uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando afirmou já ter escolhido o próximo presidente do Banco Central americano, chamado Federal Reserve (Fed), a partir de maio de 2026.
As apostas apontam para Kevin Hassett, ex-diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca e aliado próximo de Trump. Segundo Tatiana, a escolha desse possível nome pode aumentar as divergências dentro do comitê do Fed, que ainda está dividido entre cortar os juros ou manter a taxa atual ao longo de 2026.
No Brasil, o grande destaque da semana passada foi o recuo na taxa de desemprego, que caiu para 5,4%. Segundo Tatiana, esse nível já indica pleno emprego, ou seja, praticamente todas as pessoas que querem trabalhar já estão empregadas. Isso acende um alerta no Banco Central, que teme que a força do mercado de trabalho mantenha a inflação pressionada.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o mercado continua atento tanto ao anúncio oficial do novo presidente do Fed quanto à divulgação de indicadores importantes. Entre eles, estão a inflação medida pelo PCE de setembro, que mostra como os preços estão subindo para os consumidores, e o relatório ADP de novembro, que indica quantos empregos foram criados no setor privado. Na Europa, os olhos estão voltados para a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, que mede o tamanho da economia, e dos dados de inflação.
No Brasil, o dado mais esperado da semana é o PIB do terceiro trimestre. Tatiana prevê que a economia brasileira tenha crescido próximo de 0%, abaixo dos 0,4% registrados no trimestre anterior. O mercado projeta uma leve alta de 0,1%. Mas, segundo ela, ambos os resultados confirmam a desaceleração econômica, causada pelo aperto monetário, ou seja, pelo aumento das taxas de juros que encarecem empréstimos e desestimulam gastos.
Com a economia perdendo ritmo, Tatiana afirma que cresce a expectativa de que o Banco Central do Brasil inicie um ciclo de cortes de juros já na reunião de janeiro do próximo ano, caso os próximos dados confirmem o enfraquecimento da atividade econômica. Cortar os juros significa reduzir o custo do dinheiro, estimulando empresas e consumidores a investir e gastar mais, o que pode ajudar a economia a voltar a crescer.