Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram um corte na taxa básica de juros, que passou para a faixa entre 3,5% e 3,75%. A decisão chamou atenção não apenas pelo ajuste em si, mas pelo tom mais duro adotado pelo banco central norte-americano, que sinalizou uma possível pausa nas reduções por um período mais longo, possivelmente além de janeiro.
No Brasil, o cenário foi diferente. O Comitê de Política Monetária decidiu manter a taxa Selic em 15%. Segundo a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, apesar da manutenção, o comunicado teve um viés mais favorável ao afrouxamento monetário. Isso ocorreu porque o Banco Central passou a reconhecer de forma mais clara que a atividade econômica está desacelerando e que a inflação também dá sinais de arrefecimento.
A projeção é que a inflação deste ano fique abaixo do teto da banda de flutuação, que é de 4,5%. Caso se confirme, será a primeira vez, nos últimos três anos, que a inflação ficará dentro do limite estabelecido pelo regime de metas, o que reforça a percepção de que a política monetária vem surtindo efeito.
Indicadores recentes da economia brasileira mostraram recuperação no mês de outubro, mas, ao olhar para o acumulado de 12 meses, a tendência ainda é de desaceleração em relação ao ritmo observado em 2024. Para Tatiana Pinheiro, esse conjunto de dados indica que os juros elevados já começam a impactar a atividade econômica.
A semana atual é considerada decisiva por causa da continuidade da comunicação do Banco Central do Brasil. Estão previstas a divulgação da ata da última decisão de juros e do Relatório de Política Monetária. Esses dois documentos são fundamentais para entender qual deve ser a estratégia da autoridade monetária em 2026 e se o início do ciclo de cortes de juros pode acontecer já em janeiro ou ficar para março.
No cenário internacional, os investidores também acompanham de perto novos dados dos Estados Unidos. Serão divulgados o relatório do mercado de trabalho de novembro e o índice de preços ao consumidor, conhecido como CPI, indicadores importantes para avaliar os próximos passos da política monetária norte-americana.
Na zona do euro, a semana também reserva decisão de política monetária. A expectativa, segundo a economista, é de manutenção das taxas de juros, em linha com um cenário de cautela diante da evolução da inflação e do crescimento econômico na região.