A inflação segue no centro dos debates econômicos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. De acordo com a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, a pressão sobre os preços perdeu força nas últimas semanas, o que já vem abrindo caminho para cortes nas taxas de juros, possivelmente a partir de setembro — nos dois países.
Nos Estados Unidos, os dados de julho mostram que a inflação segue resiliente no setor de serviços, mas ainda sem grandes pressões nos bens de consumo, mesmo após os reajustes de tarifas. Para a economista, a sinalização do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indica que há espaço para um corte de juros ainda este ano, cenário já precificado pelos mercados. “A gente antecipou nossa expectativa de dois cortes de juros, com o primeiro ocorrendo já em setembro”, diz Tatiana Pinheiro.
No Brasil, o mês de agosto trouxe deflação, resultado já esperado principalmente por conta do impacto da redução nas tarifas de energia, graças ao chamado “crédito Itaipu”. Além disso, outros componentes da inflação também se mostraram bem comportados, o que levou a uma desaceleração no índice acumulado: saiu de 5,30% para 4,95%.
“É uma boa notícia, sem dúvida, especialmente porque uma inflação mais baixa permite que o Banco Central continue com o ciclo de corte de juros”, avalia a economista.
Outro destaque da semana é a divulgação do PIB do segundo trimestre no Brasil, que deve mostrar desaceleração em relação ao início do ano. A expectativa da Galapagos Capital é de um crescimento de apenas 0,3%, contra os 1,4% do primeiro trimestre.
A principal explicação está na base de comparação: a safra agrícola teve forte impacto no início do ano, mas esse fator não se repete agora. Além disso, indústria e serviços já começam a sentir os efeitos da alta de juros, o que naturalmente reflete em menor ritmo da economia.
Nos Estados Unidos, o mercado aguarda a divulgação do relatório do mercado de trabalho de agosto, após um dado mais fraco em julho. A expectativa, segundo Tatiana, é de que os números mostrem uma economia ainda resiliente, sem grandes sustos à vista.
“O cenário, tanto aqui quanto lá fora, está caminhando para uma normalização, o que é positivo. A inflação mais controlada dá margem para os bancos centrais ajustarem os juros de forma mais confortável”, conclui a economista.