Economia
25/11/2025
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Emprego forte nos EUA surpreende e muda leitura sobre juros. No Brasil, fim de tarifas anima setor exportador

Na coluna Fique de Olho, a economista da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro explica como os dados atrasados e novidades fiscais do Brasil e dos Estados Unidos devem influenciar inflação, atividade e expectativas para juros.

O mercado de trabalho dos Estados Unidos voltou a surpreender, mostrando que a criação líquida de vagas permanece mais forte do que se imaginava. A avaliação é da economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, que explica que os dados divulgados na última semana mostraram uma economia ainda resistente, mesmo após meses de aperto monetário pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano.

Segundo Tatiana Pinheiro, o relatório de emprego de setembro apontou a criação de 119 mil vagas, número bem acima do ritmo considerado fraco até então. A economista detalha que a média móvel — indicador que suaviza oscilações e ajuda a observar a tendência — havia caído para apenas 18 mil vagas por mês.

Com o novo dado, esse mesmo indicador saltou para 62 mil, mostrando que a fraqueza recente no mercado de trabalho pode ter sido apenas temporária. Para Tatiana, esse resultado reforça que a economia dos EUA segue resistente, com trabalhadores ainda encontrando emprego com relativa facilidade.

No Brasil, o principal destaque da semana passada foi o fim das sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros como carros e café. Essas sobretaxas são tarifas extras cobradas sobre produtos importados, que tornam os itens mais caros para o consumidor final.

A retirada desse custo deve melhorar a competitividade de exportadores brasileiros e abrir espaço para aumento de vendas no mercado americano, explica a economista.

Segundo Tatiana Pinheiro, o impacto desse alívio tarifário sobre a inflação brasileira deve ser pequeno, mas o efeito sobre a atividade econômica, especialmente no setor agrícola, tende a ser positivo.

A economista também chama atenção para a agenda desta semana no Brasil, que será marcada por indicadores importantes. Entre eles estão os números do resultado fiscal, que mostram como estão as contas do governo, além dos relatórios de crédito e de mercado de trabalho, que ajudam a medir o ritmo da economia e a disposição dos bancos em emprestar.

Nos Estados Unidos, a divulgação aguardada é o PPI (Producer Price Index), índice de preços ao produtor. Esse indicador funciona como uma espécie de “termômetro prévio” da inflação, já que mostra se os custos das empresas estão subindo ou caindo.

Quando o PPI sobe, é comum que parte desse aumento seja repassado ao consumidor mais adiante. Outro evento importante é a publicação do Livro Bege, relatório que resume a percepção de diferentes regiões dos EUA sobre emprego, preços e atividade econômica.

Diante do atual cenário, Tatiana Pinheiro acredita que o Federal Reserve deve manter os juros inalterados na decisão de dezembro, já que o mercado de trabalho forte não indica necessidade de novos cortes imediatos.

No Brasil, ela avalia que o Banco Central também deve manter a taxa Selic em 15% na reunião de dezembro, considerando o quadro doméstico e a necessidade de ancorar as expectativas de inflação.

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