Além do confronto com o Ministério Público Federal e o Instituto de Defesa do Consumidor (Ipedc) cearenses, que questionam a antecipação da data de pagamento do DPVAT, coincidindo com a do IPVA, a Seguradora Líder enfrenta outra delicada situação no Ceará, a da fraude. O estado lidera o ranking nacional de desvios de recursos do seguro do trânsito. Em seu território, ocorreram quase 20% do total das tentativas de golpes registradas em 2017. Ou seja, 3.350. Em todo o Brasil, foram 17.550. Os dados são da Seguradora Líder, informados ao site Diário do Nordeste.
O levantamento da companhia também aponta que, quando comparados os anos de 2016 e 2017, houve considerável aumento. Segundo a reportagem, há dois anos, foram comprovadas 1.759 tentativas de fraudar o DPVAT no Ceará. Com base nos dados, de um ano para o outro, as ocorrências administrativas e judiciais saltaram, aproximadamente, 90%. Para o diretor adjunto da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Andrade Júnior, os números mostram um melhor trabalho de investigação da Polícia Civil.
Ao site, o delegado informa que, desde 2016, em Fortaleza e na Região Metropolitana, todas as ocorrências que podem resultar no recebimento do seguro foram centralizadas na Delegacia de Acidentes e Delitos de Trânsito (DADT), que tem capacidade para controlar a veracidade do acidente de trânsito.
“Antes, para conseguir o seguro DPVAT bastava fazer um registro oficial da ocorrência, levar esse registro até a seguradora e juntar o laudo médico. Aí a vítima solicitava o seguro e ficava no aguardo. Agente percebeu que isso era fracionado em vários locais do estado e não havia nenhum controle da veracidade desses acidentes de trânsito. As pessoas chegavam e diziam: olha, eu sofri um acidente de moto, mas o prontuário era de um outro acidente qualquer, muitas vezes algum acidente doméstico, uma queda dentro de casa. Por conta dessa descentralização havia muito recolhimento indevido. Quando centralizamos aqui, diminuíram as fraudes”, conta Andrade Júnior ao Diário do Nordeste, lembrando que nas cidades do interior a consumação da fraude permanece com frequência devido à extensão da região.