DPVAT
Foto: Arquivo | Texto: David Ferrari
06/02/2018
0 Comentário(s)

Crise exige do empresário participação destemida

Matéria do jornalista Alberto Salino publicada no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro em 23 de dezembro de 1983…

Matéria do jornalista Alberto Salino publicada no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro em 23 de dezembro de 1983

“Participar sem medo e eficazmente das alternativas que possibilitem solucionar a atual crise que atravessa o País, para que o Governo adquira credibilidade e representatividade, são as iniciativas prioritárias que o empresariado nacional deve se dispor a adotar, no sentido de contribuir para a reversão do quadro econômico e político brasileiro”. A opinião, manifestada ontem, é do presidente da Gente Grupo de Seguros, Sérgio Suslik Wais.

O empresário gaúcho, que participou recentemente da XIX Conferência Hemisférica de Seguros, realizada em S. Francisco da Califórnia, Estados Unidos, afirmou, citando o cineasta Jean-Luc Goddard, que “nada é mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou e que por isso é preciso que os empresários, de uma forma mais eficiente, comecem a fazer o que pensam, para que os outros não façam aquilo que não pensam”. Wais acrescentou que “antes de tudo é preciso assumirmos uma posição política em defesa de nossos direitos, sempre tendo em vista a necessidade de mudar o conceito e a realidade que hoje temos a respeito de nosso País”.

“Basicamente – salientou o segurador – defendo a importância de sermos mais patriotas, pois só resolveremos os nossos problemas, se resolvermos o problema do Brasil. É necessário ainda, em última análise, que a sociedade ocupe seu espaço e afaste falsos defensores da democracia e da livre iniciativa, que são os grandes beneficiários do sistema”.

PRIVILÉGIOS

Sérgio Wais observou que de 1970 para cá houve uma transformação completa do sistema econômico e financeiro no Brasil. A partir do processo de fusões e incorporações, disse ele, o Governos visada a fortalecer um pequeno número de empresas, em detrimento do sistema eficaz e democrático de livre iniciativa. “Em suma, o Brasil partiu para uma solução de beneficiar um pequeno grupo, sob o propósito de fortalecer o mercado em prejuízo de um princípio constitucional favorável à livre iniciativa e a geração de empregos produtivos”, ressaltou.

Hoje, decorridos mais de dez anos, constatou Wais, o mercado segurador nacional diminuiu a sua participação em relação ao PIB, a ponto de ocupar, em relação a outros países, a humilde posição de último lugar, logo após a índia, como demonstra Peter Walker em seu estudo apresentado na XIX Conferência Hemisférica.

LIVRE INICIATIVA

Dados do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e do Banco Central revelam, garantiu o segurador, que a participação dos depósitos dos bancos comerciais no PIB vem declinando sensivelmente, passando de 22,06% em 1950 para 12,50% em 1970. Em 1980, segundo ele, reduziu-se ainda mais: 9,60%. Da mesma forma, esclareceu, enquanto em 1970 havia 573 sociedades distribuidoras, 404 corretoras, 184 seguradoras e 214 sociedades de crédito, financiamento e investimento, em 1980 esses números caíram de forma significativa: 453 sociedades distribuidoras, 270 sociedades corretoras, 97 seguradoras e 120 sociedades de crédito, financiamento e investimento. “O Brasil adotou o único modelo do mundo que, através da redução do número de empresas, pretendeu aumentar o número de empregos e, por conseguinte, o seu crescimento”, enfatizou.

Com referência à participação estatal na economia, o que vem ocorrendo, na opinião de Wais, é que se está produzindo administração, em vez de se administrar a produção.

Clique abaixo e leia a matéria impressa no dia 23/12/1983, no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.

Proteja-se com a

× Como posso te ajudar?