Saúde, SPVAT
30/09/2025
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Universidades se juntam contra crise da saúde mental no Brasil

Iniciativa envolve mais de 30 instituições, mapeia transtornos em escala nacional e busca soluções para melhorar políticas públicas e a vida acadêmica.

O mundo vive uma crise em saúde mental. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 1 bilhão de pessoas tinham algum transtorno mental em 2022, sendo ansiedade, depressão e transtornos do neurodesenvolvimento os mais comuns. No Brasil, o cenário é semelhante: segundo o Ministério da Previdência Social, em 2024 foram registrados 440 mil afastamentos do trabalho por problemas relacionados à saúde mental — um aumento de 134% em comparação a 2014, quando havia 210 mil casos.

Diante desse crescimento, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, junto ao CNPq, criou em 2023 a Rede Nacional de Saúde Mental (ReNaSam), com o objetivo de desenvolver pesquisas inovadoras e levar informações de qualidade à população. Em maio deste ano, a Unesp passou a integrar a iniciativa.

A ReNaSam conta hoje com mais de 30 pesquisadores de universidades federais e estaduais em todas as regiões do Brasil, além da participação da Universidade de Lancaster (Reino Unido) e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz.

Atualmente, a rede conduz dois grandes projetos nacionais. O primeiro é o Estudo Nacional de Saúde Mental (Enasam), que fará entrevistas em 8 mil domicílios para avaliar a incidência de transtornos entre brasileiros de 18 a 75 anos. Parte dos entrevistados será chamada para uma segunda etapa, com entrevistas mais detalhadas e feitas on-line. Os resultados devem orientar a formulação de políticas públicas na área.

O segundo projeto é o Estudo Nacional de Saúde Mental nas Universidades (Enasam-U), focado na comunidade acadêmica. A pesquisa vai mapear questões de saúde mental entre estudantes, professores e servidores de 108 instituições públicas de ensino superior no país. A meta é apoiar a criação de estratégias que promovam um ambiente universitário mais saudável, inclusivo e produtivo.

Na Unesp, a participação será coordenada pela Coordenadoria de Saúde (CSUnesp) e pela Pró-Reitoria de Pesquisa, com um levantamento interno sobre a saúde mental da comunidade universitária.

Segundo a médica Ludmila Cândida de Braga, titular da CSUnesp, os fatores que mais pesam na saúde mental estão ligados ao cotidiano. “Lidamos com questões como redes sociais, sociedade de consumo, o sistema produtivo em que estamos inseridos, além de condições do mundo do trabalho, como a uberização e a fragilização profissional. Isso afeta a sociedade como um todo e, naturalmente, impacta trabalhadores e estudantes da nossa instituição”, afirmou em entrevista ao Jornal da Unesp.

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