Os bancos centrais ao redor do mundo começam a reduzir as taxas de juros, e o Brasil pode ser o próximo a seguir o movimento. A análise é da economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, na coluna Fique de Olho, que destaca o início de um novo ciclo de cortes no cenário internacional e o espaço crescente para o mesmo acontecer por aqui.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve reduziu os juros, levando a taxa básica, a Fed Fund, para o intervalo entre 3,75% e 4%. A decisão sinaliza uma virada na política monetária americana, embora o banco central tenha deixado em aberto se continuará o corte em dezembro. Para Tatiana Pinheiro, é provável que o Fed mantenha a taxa nesse patamar na próxima reunião.
Na Europa, o Banco Central Europeu mantém os juros em 2% e já encerrou o ciclo de cortes há algum tempo. A expectativa é de estabilidade durante o inverno europeu, com foco em conter riscos de inflação e preservar a recuperação econômica.
No Brasil, a decisão de juros é o destaque da semana. A expectativa é que o Banco Central mantenha a Selic em 15%, mas, segundo Tatiana Pinheiro, o cenário já aponta para um corte próximo. “Nossa projeção é de que o ciclo de redução deve começar em dezembro. Se não for agora, será em janeiro”, afirma.
A economista explica que a inflação está em desinflação — ou seja, em queda constante —, e que os dados de atividade econômica devem mostrar um ritmo mais fraco entre outubro e dezembro, reforçando o espaço para reduzir os juros.
Outro ponto importante é que as expectativas de inflação estão caindo semana após semana, especialmente as de longo prazo, que já se aproximam da meta de 3% ao ano. Essa tendência dá mais segurança para o Banco Central começar o movimento de corte.
Além da decisão sobre a Selic, o mercado acompanha nesta semana os dados de produção industrial de setembro e o IGP-DI de outubro, que deve registrar inflação abaixo de 1%. Esses resultados também ajudam a confirmar que a economia brasileira está em um momento propício para iniciar uma nova fase de juros mais baixos.
“Com a inflação sob controle e a atividade perdendo força, o ambiente está cada vez mais favorável para o início do ciclo de cortes”, explica Tatiana Pinheiro.