A paralisação parcial do governo por falta de aprovação do orçamento nos Estados Unidos (shutdown) durou 43 dias, o período mais longo da história, e acabou semana passada após um acordo no Congresso que garante o financiamento das atividades do governo americano pelo menos até janeiro de 2026.
Com o fim do impasse, a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, explica que a aversão ao risco que vinha afetando os mercados, especialmente o mercado de ações dos Estados Unidos, deu uma trégua. Mesmo assim, Tatiana destaca que a discussão sobre a atividade econômica e as próximas decisões sobre juros deve voltar a influenciar o preço dos ativos em breve.
No Brasil, segundo a economista, saíram os principais indicadores de atividade econômica, como a Pesquisa Mensal de Serviços e a Pesquisa Mensal do Comércio. Os números mostram que a economia está desacelerando, mas de forma lenta.
“Esse cenário reforça a sinalização do Banco Central de que a taxa Selic deve continuar em 15% por mais algum tempo, já que a instituição costuma manter os juros altos enquanto a economia mostra força suficiente para evitar uma retomada da inflação”, diz a economista.
Tatiana Pinheiro ressalta que, nos Estados Unidos, um dos pontos mais importantes desta semana é a divulgação da ata da última reunião de política monetária. Esse documento detalha o que foi discutido internamente pelo Federal Reserve e traz os argumentos por trás da decisão tomada.
Na ocasião, o presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, indicou a possibilidade de uma pausa no ciclo de aumento de juros, e a ata deve esclarecer melhor essa sinalização.
Outro elemento relevante é o fim do chamado “apagão de dados”, que havia interrompido a divulgação de estatísticas oficiais durante o shutdown. Com isso, o relatório do mercado de trabalho de setembro pode ser publicado já na semana que vem.
Esses dados costumam movimentar os mercados porque ajudam a projetar os próximos passos da política de juros nos Estados Unidos. Se o mercado de trabalho estiver muito forte, por exemplo, aumenta a chance de juros mais altos; se estiver perdendo força, cresce a possibilidade de estabilidade ou até cortes futuros.
A agenda global também inclui uma decisão de juros na China, que pode mostrar como o país está lidando com sua desaceleração econômica, e, na Europa, a divulgação da inflação ao consumidor, indicador fundamental para medir o ritmo de alta de preços na região.
No Brasil, outro dado aguardado é o IBC-Br, que é uma espécie de “prévia” do PIB calculada pelo Banco Central. Será divulgado o número de setembro, que permitirá estimar como foi o desempenho da economia no terceiro trimestre. Esse indicador ganha ainda mais relevância porque sai poucos dias antes da última decisão de política monetária do ano, marcada para dezembro.