Apesar do corte nos preços do seguro obrigatório DPVAT de 37% no ano passado, medida que resultou em uma redução de receita da ordem de R$ 2,8 bilhões (de R$ 8,693 bilhões, em 2016, para R$ 5,930 bilhões, em 2017, queda de 31%), a Seguradora Líder ainda encontrou fôlego para pagar bônus aos executivos da empresa e distribuir lucros aos empregados na soma de R$ 13,377 milhões.
Curioso é que a quantia repartida em 2017 foi ainda 40% superior aos R$ 9,557 milhões divididos um ano antes, exercício em que os prêmios praticados pela Líder estavam superavaliados. Os dados do balanço 2017 da companhia não separam valores de repasse aos executivos e os destinados aos funcionários. O fato é que no ano passado o faturamento despencou 31% e na mão inversa a distribuição de bônus e lucros explodiu 40%.
Controle das fraudes, rigor na análise de sinistros, redução das despesas gerais e de sinistros podem ser a explicação do aumento do dinheiro distribuído. Se assim for, pode-se dizer que antes de 2016 a Seguradora Líder era uma companhia perdulária na gestão da receita do seguro DPVAT. A quem favorecia?
Enquanto isso, os valores das indenizações pagas às vítimas do trânsito brasileiro, razão da existência do seguro, permanecem defasados. Estão congelados desde 2007. Se de lá para cá fosse aplicado o IPCA, o valor da cobertura de morte e de invalidez permanente (R$ 13.500) estaria situado em torno de R$ 25.373: 88% maior.
Diante desse quadro, não falta, portanto, quem defenda que sobra de dinheiro, ao invés de distribuído a título de bônus e lucros, deva ser direcionado para os beneficiários do DPVAT.