Acompanho as 500 maiores empresas deste país anualmente, desde 1974.
Já vi elas passarem por inúmeras recessões e já indiquei estratégias para saírem delas, que muitas usaram com sucesso.
Somente sairão desta crise aquelas empresas que puderem estender seus prazos de crédito aos seus clientes, prazos superiores aos de seus concorrentes.
Quem competir em preço vai continuar a perder dinheiro, é de prazo que todo mundo precisa.
Se sua empresa for da indústria de transformação ou de serviços, saiba que provavelmente seu cliente está desesperadamente precisando de capital de giro.
Muito mais importante do que preço, será prazo de crédito.
Prazos de crédito bem acima da média de seus mercados, digamos aquelas que prevaleceram em 2019.
Para isso precisaremos de uma política econômica ou deveríamos chamá-la de uma política de administração responsável, que preserve e aumente o capital de giro das empresas.
Esse é o gargalo da economia nesses momentos, não gastos em investimentos em ativo fixo, como muitos estão propondo.
E em seguida precisamos de uma política administrativa que force os bancos comerciais a voltar a fazer o que são obrigados por lei a fazer.
Que é emprestar dinheiro e dar crédito para a sociedade.
Sob risco de perderem os inúmeros colchões de segurança fornecidas de graça, pelo Banco Central.
Hoje nossos Bancos não são mais Bancos.
Depois que o Plano Real proibiu os bancos de corrigirem seus patrimônios pela inflação, um absurdo, Bancos não puderam mais emprestar e passaram a ser empresas de serviços.
Empresas de serviços que, por enganação de propósito, podem alavancar 12 x seu capital, corroído pela inflação, mas isso é muito melhor do que as demais empresas de serviços que só podem alavancar 1,6 x, devido ao risco inerente.
Percebam a vantagem competitiva que esses Bancos de serviços possuem com relação às demais.
Um pai com grana, o Banco Central, o resto sem.
Essas empresas de serviços possuem inúmeras tranches de proteção, desenvolvidas por economistas ávidos a se tornarem banqueiros, como a maioria dos ex presidentes do BC se tornaram.
Eis um anúncio de uma empresa americana que vende janelas, e que voltou ao mercado depois da abertura.
Zero de entrada.
Isso porque ela possui capital de giro suficiente para comprar matéria prima, e não precisa de adiantamentos de seus próprios clientes.
Zero pagamentos até 2022.
Zero juros até 2022.
Quantas das 500 maiores empresas brasileiras poderão exportar e vender janelas nos Estados Unidos?
Zero.
Quantas dessas 500 maiores empresas brasileiras farão algo semelhante no Brasil?
Seu eu fosse o Guedes eu trataria rapidamente de saber.
Se não souberem identificar setor por setor, empresa por empresa, quantas poderão fazer algo semelhante, vamos para uma depressão.
Criar modelos econômicos sem ter esse tipo de informação é o que se chama de Administração Irresponsável das Nações.