Uma equipe de cientistas japoneses está desenvolvendo um medicamento que estimula o crescimento de novos dentes. Os testes em humanos começaram em setembro de 2024 e, se tudo correr bem, o tratamento poderá estar disponível no Japão em 2030. A proposta é regenerar dentes naturais sem a necessidade de procedimentos invasivos como implantes ou próteses, beneficiando desde crianças com malformações congênitas até idosos com perda dentária.
Normalmente, os seres humanos desenvolvem apenas duas dentições ao longo da vida: a de leite e a permanente. No entanto, o nosso genoma guarda a “capacidade oculta” de formar uma terceira dentição — algo que a maioria das pessoas não manifesta.
Um gene específico funciona como um freio natural, impedindo o crescimento de novos dentes depois da dentição permanente.
Antes de chegar ao mercado, o medicamento precisa passar pelas fases clássicas de testes clínicos. No momento, está na fase 1 (2024–2025), que envolve 30 adultos saudáveis que perderam pelo menos um dente.
O objetivo inicial é verificar a segurança, a tolerância e os possíveis efeitos colaterais da droga, aplicada por via intravenosa.
O tratamento atua inibindo esse “freio” genético, conhecido como proteína USAG-1. Com o bloqueio, o corpo libera a ação das proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs), que ativam células-tronco odontogênicas responsáveis pela formação dos dentes.
Em experimentos realizados com camundongos e furões, a aplicação do anticorpo levou ao crescimento de dentes completamente funcionais, incluindo esmalte, dentina e raiz.
Nos testes atuais, os ensaios clínicos envolvem 30 homens saudáveis, com idades entre 30 e 64 anos, que possuem ao menos um dente posterior faltando. Essa fase vai de setembro de 2024 a agosto de 2025.
Já a fase 2 da pesquisa, prevista para depois de 2025, terá como foco pacientes-alvo, começando por crianças com oligodontia congênita, uma condição rara em que faltam quatro ou mais dentes desde o nascimento.
A deficiência dentária congênita atinge cerca de 1% da população, enquanto a oligodontia — ausência de seis ou mais dentes, geralmente de origem hereditária — afeta aproximadamente 0,1% das pessoas.
Os cientistas anunciaram em maio que os ensaios clínicos do primeiro “medicamento para regeneração dentária” do mundo serão realizados no Hospital Universitário de Kyoto. Segundo o pesquisador Katsu Takahashi, chefe do departamento de odontologia e cirurgia oral do Hospital Kitano, a prioridade agora é avaliar a segurança do fármaco antes de aplicá-lo em pacientes com ausência congênita de dentes, quando então será testada sua eficácia.