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27/02/2018
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Grandes grupos mandam e lucram, mas pouco fazem no DPVAT

Instituído entre outros objetivos para distribuir o trabalho entre todas as seguradoras integrantes do consórcio DPVAT, o sistema de centralização dos avisos de sinistros sob o manto da Seguradora Líder, depois de dois anos de vigência…

Instituído entre outros objetivos para distribuir o trabalho entre todas as seguradoras integrantes do consórcio DPVAT, o sistema de centralização dos avisos de sinistros sob o manto da Seguradora Líder, depois de dois anos de vigência, não levou as corporações financeiras a colocar a mão na massa, no atendimento às vítimas de trânsito. As grandes continuam alheias ao périplo dos beneficiários pela indenização do seguro, nesse imenso território que é o Brasil.

A mesma passividade demonstrada ante as necessidades das vítimas de acidentes de trânsito, ou de seus familiares, não se observa quando a tarefa é exercer o controle da decisão. Nos rumos do DPVAT, o mando pertence às corporações financeiras, que o executa ativamente. O acordo de acionistas, a estrutura da Seguradora Líder e os números sobre atendimento mostram isso. Ou seja: elas bem longe do trabalho, mas no poder e bem perto do dinheiro do contribuinte. São as grandes que controlam o Conselho de Administração da companhia, por vezes colocando seus interesses à frente dos interesses do sistema DPVAT, e que lucram sendo as gestoras dos fundos bilionários das reservas técnicas, algo em torno de R$ 8 bilhões.

É esse modelo que um grupo de seguradoras independentes (GI) critica, pois está cimentado em bases ultrapassadas, há muito deixaram de espelhar a realidade atual, conforme revelado na edição passada deste informativo pelo presidente das empresas Comprev, Francisco Alves de Souza. Os componentes do GI denunciaram o acordo de acionistas da Seguradora Líder e defendem, entre outros pontos, um Conselho de Administração com composição igualitária e decisões de consenso. Como são os recursos das reservas técnicas que hoje dão lastro as operações do seguro, e não mais o patrimônio de cada consorciada, não há razão das grandes continuarem controlando a Líder, e sem trabalhar continuarem lucrando (veja a tabela elaborada pelo @GenteDPVAT, no download).

Pela tabela, é possível conferir que os 5 maiores grupos financeiros são donos de 41,38% do controle acionário da Líder, mas cuidaram de apenas 10,80% do total de processos de sinistros DPVAT registrados em 2017, recepcionados e regulados. Já os 10 maiores detêm 60% do capital da Líder e realizaram não mais que 15% dos atendimentos aos beneficiários.

A Itaú atendeu a 4.602 vítimas de trânsito em 2017. A Bradesco, com uma estrutura nacional igualmente gigantesca, assistiu não mais que a 8.320 brasileiros envolvidos em acidentes veicular; nas seguradoras do Banco do Brasil (BB) o número de assistidos foi maior: 13.892. Sócio do grupo BB, o grupo Mapfre se esforçou pouco mais, fez 23.297 atendimentos. A Caixa, 10.839, e a Porto Seguro, outros 737. E mais: são números inflados pela regulação de sinistros, porque no atendimento inicial, na ponta, esses 6 grupos, entre os 10 maiores, fizeram contato direto com apenas 9.485 beneficiários do seguro, magros 3,4% do total de 274.695 processos recepcionados.

Na outra ponta, apenas 9 seguradoras, todas de pequeno porte, ostentam números de assistência às vítimas gigantescos. Elas responderam por mais de 70% de todos os atendimentos de sinistros DPVAT em 2017. Na lista, estão Gente (82.075 atendimentos), Sabemi (66.429), Investprev (62.560), MBM (54.924), Aruana (52.197), União (50.497), Comprev (42.790), Capemisa (32.575) e Centauro (31.747). Sob zelo desse grupo passaram 475.794 brasileiros vítimas do trânsito no ano passado. São companhias integrantes do Consórcio DPVAT que tornam o seguro obrigatório do trânsito uma realidade no Brasil, ao lado, claro, de outras do mesmo porte econômico. Contudo, como acionistas da Líder, esse grupo de 9 companhias detém minguados 10,6% do capital da Líder e ficam a reboque dos caprichos (ou será refém?) dos grandes grupos financeiros.

No ano passado, o total de atendimentos realizados pelas seguradoras consorciadas atingiu 274.695 pessoas. Somadas às dos processos regulados (400.936), o número de brasileiros atendidos foi de 675.631, sendo tão somente 11,48% aos cuidados dos grandes grupos. Mas são eles que mandam no seguro obrigatório DPVAT.

Clique abaixo para conferir o controle acionário da Líder, ao lado do número de atendimentos em 2017

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