As fraudes reveladas em Montes Claros acontecem em todo o Brasil. A afirmação é do deputado Vitor Valim (PMDB-CE), dita na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do DPVAT ao se referir às supostas falcatruas praticadas contra esse seguro obrigatório do trânsito na cidade mineira e identificadas na Operação Tempo de Despertar, deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em abril do ano passado.
Depois de lembrar que a Seguradora Líder administra recursos anuais da ordem de R$ 4 bilhões, com os quais “cria despesas”, o parlamentar cearense disse que desvios de recursos até podem ocorrer. E emendou: “Mas nós estamos diante de uma quadrilha grande, poderosa, e o presidente da Susep [o cargo é de superintendente] veio aqui [na comissão] e disse não saber de nada. O órgão fiscalizador disse não saber de nada. Então veja a que ponto chega essa quadrilha de bandidos, que vem roubando [o DPVAT]. Se você pegar desde 2008 [ano em que a Seguradora Líder começou a operar] até agora, quantos bilhões [de reais] foram desviados, não sei onde foram parar”.
Segundo Vitor Valim, “se [o dinheiro] foi parar no bolso de diretores da Líder, espero que o Ministério Público possa esclarecer”. Na opinião dele, a ação da Polícia Federal foi pontual em Minas Gerais, mas reiterou sua convicção de que o modus operandi dos fraudadores em Montes Claros se reproduz em todo o País.
Em seu estado, o Ceará, o deputado disse que os escritórios jurídicos recebem R$ 2,5 milhões (“vou guardar aqui o sigilo dessa informação”). “Criam despesas para pagar grandes bancas de advocacias, sangrando o dinheiro do pobre, que tem sua motinha, seu carro, paga o DPVAT e termina tendo o seu dinheiro desviado para enriquecer grandes bancas de advogados ou parentes de diretores da Líder. Criam falsas perícias médicas e também pontos de atendimento, envolvendo inclusive sindicatos de corretores, que é bom se investigar também. A quadrilha está instalada neste País desde 2008”.