No Brasil, o etanol farmacêutico é o principal antídoto utilizado no tratamento de intoxicações por metanol. Administrado em ambiente hospitalar, ele bloqueia a formação de substâncias tóxicas no organismo e pode salvar vidas quando aplicado de forma adequada e precoce.
O Ministério da Saúde iniciou a distribuição do antídoto aos estados que solicitaram reforço de estoque. Até 7 de outubro de 2025, foram enviadas 580 ampolas a cinco estados: 240 para Pernambuco, 100 para o Paraná, 90 para a Bahia, 90 para o Distrito Federal e 60 para Mato Grosso do Sul.
A Anvisa também mapeou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir o etanol farmacêutico, garantindo cobertura em todas as capitais para atendimento rápido a novas demandas. Além disso, sete fornecedoras internacionais de fomepizol, considerado padrão-ouro no tratamento, já foram identificadas, embora o medicamento não seja fabricado no Brasil.
O antídoto deve ser administrado por via intravenosa em ambiente hospitalar. O médico cardiointensivista Werlley Januzzi, em entrevista veiculada pela CNN Brasil, explicou que o etanol é eficaz e amplamente descrito na literatura médica, mas reforçou: “Não é beber o etanol”. A aplicação correta é hospitalar, por via parenteral e intravenosa.
O etanol funciona como inibidor competitivo da enzima álcool desidrogenase, impedindo que o metanol seja convertido em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico. Essa substância tóxica provoca sintomas graves, como confusão mental, cegueira e insuficiência renal.
O antídoto pode ser administrado por via oral ou intravenosa, mas quando aplicado diretamente na veia, começa a agir em poucos minutos. Quanto mais cedo iniciado o tratamento, maiores as chances de sucesso. Estudos indicam que, após três horas da ingestão, a eficácia começa a diminuir progressivamente.
As entregas do etanol farmacêutico estão sendo feitas em articulação com as secretarias estaduais de saúde. As unidades distribuídas fazem parte das 4,3 mil ampolas entregues aos estoques do SUS pelos hospitais universitários federais, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).