Na semana passada, um dos eventos mais aguardados do mercado financeiro foi o simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos. O destaque ficou para o discurso de Jerome Powell, presidente do banco central americano (Federal Reserve). Ele reconheceu que a economia dos Estados Unidos (EUA) está dando sinais de desaceleração, algo que não tinha sido enfatizado na última reunião, em julho passado.
Segundo a economista Tatiana Pinheiro, da Galapagos Capital, essa mudança de tom abre espaço para que os juros americanos comecem a cair já em setembro. “Powell, na prática, confirmou o que o mercado já esperava: o início de cortes de juros. Nossa projeção é de dois cortes neste ano, sendo o primeiro em setembro”, explica a economista.
A taxa de juros dos EUA influencia o mundo inteiro. Juros mais altos lá fora atraem dinheiro para os Estados Unidos, tirando investimentos de países emergentes como o Brasil. Quando os juros caem, o movimento pode ser o contrário, abrindo espaço para mais investimentos por aqui.
No Brasil, a principal notícia da semana foi a divulgação do IBC-Br, indicador calculado pelo Banco Central que funciona como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado mostrou que a economia cresceu 0,3% no segundo trimestre, bem abaixo do ritmo de 1,4% no trimestre anterior. “Essa desaceleração já era esperada, pois os efeitos da política monetária (juros altos) começam a aparecer com mais força”, afirma Tatiana Pinheiro. Para ela, o Banco Central brasileiro deve iniciar o ciclo de cortes de juros apenas em dezembro.
Nos próximos dias, os investidores vão acompanhar indicadores importantes: nos EUA, saem os dados de inflação (PCE e CPI) e também o PIB do segundo trimestre. No Brasil, destaque para a taxa de desemprego, as contas públicas, o desempenho do setor externo e o índice de inflação IGP-M de agosto. Esses números vão ajudar a confirmar se a tendência de desaceleração continua ou se haverá surpresas.