A economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, analisa que a confirmação da desaceleração do mercado de trabalho norte-americano reforça a expectativa de corte de juros em setembro.
Na semana passada, o relatório de agosto mostrou que o mercado de trabalho dos Estados Unidos segue mais lento. Foram criadas apenas 22 mil vagas, muito abaixo da média de 150 mil vagas observada entre janeiro e maio. Com isso, cresce a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) reduza a taxa de juros, levando a Fed Fund para o intervalo entre 4% e 4,25%.
No Brasil, também foram divulgados dados importantes sobre a atividade econômica. O PIB do segundo trimestre cresceu 0,4% em relação ao primeiro trimestre, que havia registrado avanço de 1,3%, confirmando a desaceleração prevista.
Mais relevante, segundo Tatiana Pinheiro, é que a demanda doméstica — somatório de consumo das famílias, do governo e investimentos — contraiu 0,2%, indicando os primeiros efeitos da alta da taxa de juros sobre o consumo e os investimentos. Esse cenário, segundo a economista, ajuda a abrir espaço para um possível início do corte de juros em dezembro.
Ainda nesta semana, o Brasil divulgará novos indicadores de atividade econômica, como a Pesquisa Mensal de Serviços, a Pesquisa Mensal de Comércio de julho e o IPCA de agosto, que deve apresentar deflação devido ao crédito de Itaipu nas contas de energia elétrica.
Nos Estados Unidos, será divulgado o CPI (índice de inflação) de agosto, o último indicador antes da decisão de juros marcada para 17 de setembro. A expectativa é de inflação entre 0,3% e 0,4%, mostrando pressão tarifária sobre os preços. No entanto, a atenção do FOMC está mais voltada para a desaceleração do mercado de trabalho, que vem ganhando destaque nos dados recentes.