Em Minas Gerais, a polícia (tanto federal quanto estadual) e o Ministério Público (MP) continuam agindo para desbaratar infratores que se organizam, articulados com profissionais de saúde, com escritórios de advocacia, e com gente da própria polícia, entre outros, para fraudar o DPVAT. Foram ações do MP e da PF, no Norte do mesmo estado, que em abril do ano passado, mostraram para o Brasil que a corrupção existente em torno do dinheiro das indenizações é sistêmica. A denúncia veio através da operação Tempo de Despertar, deflagrada a partir das cidades de Montes Claros e Janaúba com o intuito, justamente, de desmontar quadrilhas especializadas em fraudar sinistros desse seguro obrigatório do trânsito.
Agora, alguns dias atrás, em Timóteo, cidade mineira a Leste, na região do Vale do Aço, as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) desmontaram outra quadrilha, chefiada por despachante. O MP de Ipatinga denunciou cinco pessoas suspeitas de fraudar o DPVAT, três advogados, um despachante e um médico ortopedista. O curioso: quatro envolvidos já haviam sido presos pela Polícia Federal em abril de 2015, durante a Tempo de Despertar, e estavam respondendo processo em liberdade.
E mais: Os acusados procuravam vítimas de acidentes de trânsito e intermediavam o processo de requerimento de indenização do DPVAT, junto com um escritório de advocacia, que em seguida pleiteava complementação da indenização via Judiciário. Outra curiosidade: a sede desse escritório fica em… Montes Claros.
O modus operandi é semelhante ao desvendado por lá, em Montes Claros. As vítimas não tinham contato com os advogados, 30% da indenização ficavam com os integrantes do grupo, que conseguiam laudos periciais falsos, agravando a lesão. Os valores das fraudes ainda não foram calculados.
Além de Timóteo, o Gaeco ainda investiga a possibilidade de a fraude se estender a mais cidades da região: Ipatinga, Caratinga, Inhapim, Manhuaçu e São João do Oriente.