A nova edição da coluna Fique de olho, publicada pela UrGente em parceria com o Gente Grupo, traz uma análise da economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, sobre o andamento da economia nos Estados Unidos e no Brasil.
Nos Estados Unidos, o destaque foi a aprovação do chamado One Big Beautiful Bill no Congresso americano. A proposta corta impostos e reduz alguns programas sociais, mas o resultado dessa combinação é um aumento expressivo do déficit público. Segundo projeções do Congressional Budget Office (CBO), o endividamento público americano pode crescer cerca de US$ 2,8 trilhões até 2034.
“É uma política fiscal bastante desalinhada para os próximos 10 anos, com impacto direto sobre a política monetária americana”, afirma Tatiana. O cenário reforça a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros elevados por mais tempo, postergando eventuais cortes para o final do ano.
Outro ponto de atenção é o prazo, no dia 9 de julho, para o encerramento das negociações sobre tarifas recíprocas. Os EUA já enviaram cartas aos países com os quais mantém acordos comerciais. As alíquotas variam, mas a maioria, como no caso do Brasil, está atualmente em 10%, podendo chegar a até 60% em alguns casos. “Estamos na fase final, mas é possível que as conversas se estendam mais uma vez”, explica a economista.
Na frente dos indicadores, o mercado de trabalho americano mostrou força na última semana, com queda da taxa de desemprego de 4,2% para 4,1% e geração sólida de vagas. Esses números sustentam a expectativa de apenas dois cortes de juros pelo Fed, possivelmente no último trimestre do ano.
No Brasil, os dados sinalizam desaceleração. A produção industrial, por exemplo, já mostra perda de ritmo no segundo trimestre. Segundo Tatiana, a expectativa é de que o IPCA de junho venha em torno de 0,20%, uma inflação considerada baixa em relação aos meses anteriores.